A Cabeça de Ouro – “Tu, ó rei, és rei de reis, a quem o
Deus do céu deu o reino, o poder, a força e majestade, em cujas mãos Ele
entregou o domínio em todo o mundo sobre os seres humanos, os animais do campo
e as aves do céu. Tu és a cabeça de ouro”. (Daniel 2: 37,38).
O Primeiro Reino.
Nabucodonosor era o Império Babilônico em pessoa. As
conquistas militares do seu Império e o esplendor arquitetônico de Babilônia
deviam muito às suas proezas. Daniel diz que a cabeça de ouro da estátua era,
literalmente, o Império Babilônico representado por Nabucodonosor.
Ouro - O nobre metal foi usado em abundância para
embelezar a cidade de Babilônia. Heródoto descreveu a magnificência do
resplendor do ouro nos templos da “Grande Cidade”. A imagem de Bel, o deus
babilônico, o seu trono, a mesa das oferendas e o altar eram feitos de ouro.
Cabeça - Nabucodonosor era “rei de reis” porque se sobressaía
entre os reis da Antiguidade, portanto ele era a “cabeça” dos reinos do mundo.
O Segundo Reino.
Peito e Braços de Prata - Depois de ti se levantará outro
reino, inferior ao teu… (Daniel 2: 39 a). Este segundo reino da profecia de Daniel é chamado de
Império Medo-Persa, e incluía o mais antigo Império Medo e as aquisições mais
recentes de Ciro II, o conquistador persa. É pouco provável que o segundo reino
seja somente o Império Medo, o que converteria a Império Aquemênida (Persa) no
terceiro reino; principalmente porque o Império Medo foi contemporâneo do
Império Neobabilônico, não seu sucessor, e também porque o Império Medo caiu
ante Ciro, o persa, antes da queda da Babilônia. Sabe-se que Dario reinou em
Babilônia por permissão do verdadeiro conquistador, Ciro, que derrotou Belsasar,
rei da Babilônia. O livro de Daniel se refere várias vezes à nação que
conquistou a Babilônia, à qual Dario representava, como "os Medos e os Persas".
Segundo Heródoto, Ciro havia dito que era parte persa e parte medo. Ciro, que
tinha chegado a ser rei da Pérsia, derrotou a Astíages dos Medos no ano 553 ou
550 AC. Assim os persas que anteriormente estavam subordinados aos medos,
chegaram a ter o domínio no que tinha sido o Império Medo, já que os persas
governaram desde o tempo de Ciro em adiante, e são mencionados normalmente como
Império Aquemênida. Mas o prestígio mais antigo se refletia na frase
"Medos e Persas" que se aplicava aos conquistadores da Babilônia no
tempo de Daniel e ainda mais tarde. A posição honrosa de Dario depois da
conquista da Babilônia demonstra o respeito de Ciro para com os Medos, ainda
que o mesmo detivesse realmente o poder. Portanto, os “braços de prata” são alusivos a Ciro e
Dario, e o “peito de prata” da estátua simboliza a unidade do império
Medo-Persa sob o domínio desses dois governantes.
O Império Medo-Persa era bem maior em extensão e
população do que o reino de Nabucodonosor. Não só incluiu o reino da Babilônia,
mas também a Lídia (parte ocidental da Turquia), o Egito, o Afeganistão, uma
grande parte da Ásia Central e da pátria Medo-Persa (atual Irã e leste da
Turquia). Além disso, o Império Aquemênida (539-330) durou mais do que o dobro
do Império Neobabilônico (626-539), 209 anos contra 87 anos. Portanto, o
Império Medo-Persa não foi menor ou menos poderoso do que o império
Neobabilônico, contudo, diante da opulência de Nabucodonosor, o império
Medo-Persa foi inferior.
Prata - Como a prata é inferior ao ouro, o Império
Medo-Persa foi inferior ao Babilônico. Ao contrastar os dois reinos, notamos
apesar de o segundo ter durado mais tempo, certamente foi inferior em luxo e
magnificência. Os conquistadores medos e persas adotaram a cultura da
civilização babilônica, porque ela estava muito mais desenvolvida do que a sua.
O Terceiro Reino.
Ventre e Coxas de Bronze – “... e um terceiro reino, de
bronze, que dominará sobre toda a terra”. (Daniel 2: 39 b).
O sucessor do Império Medo-Persa foi o Império de
Alexandre, o Grande, e seus sucessores. A Grécia estava dividida em pequenas
cidades-estados que tinham um idioma comum, mas pouca ação unificada. Ao pensar
na Grécia antiga, pensamos principalmente na idade de ouro da civilização grega
sob a liderança de Atenas, no século V a.C. Este florescimento da cultura grega
seguiu ao período de maior esforço unido das cidades-estados autônomas, a
exitosa defesa de Grécia contra Pérsia, ao redor do tempo da rainha Ester. A
"Grécia" do Livro de Daniel (cap. 8: 21), não diz respeito às Cidades-Estados
autônomas do período da Grécia clássica, mas ao posterior Reino Macedônico que
venceu a Pérsia.
A Macedônia, uma nação consanguínea grega situada ao
norte de Grécia propriamente dita, conquistou as cidades gregas e as incorporou
pela primeira vez a um Estado forte e unificado. Alexandre, depois de ter
herdado de seu pai o recém engrandecido Reino Greco-Macedônico, se pôs em
marcha para estender a dominação macedônica e a cultura grega para o oriente e
venceu ao Império Aquemênida. A profecia apresenta o reino da Grécia como um
reino que viria depois da Pérsia, porque Grécia nunca se uniu para formar um
reino até a formação do Império Macedônico, o qual substituiu a Pérsia como
principal poder do mundo desse tempo.
O último rei do Império Aquemênida foi Dario III, que foi
derrotado por Alexandre nas batalhas de Grânico (334 a.C.), Batalha de Isso
(333 a.C.), e Batalha de Gaugamela (331 a.C.).
Ventre e Coxas de Bronze - No Império de Alexandre Magno
os soldados gregos se distinguiam por sua armadura de bronze. Seus capacetes,
escudos e machados eram de bronze. Heródoto nos diz que Psamético I do Egito
viu nos piratas gregos que invadiam suas costas o cumprimento de um oráculo que
predizia: "homens de bronze que saem do mar".
"Terá domínio sobre toda a terra" – A história registra que
o domínio de Alexandre se estendeu sobre Macedônia, Grécia e o Império
Aquemênida. Ele incluiu o Egito e se expandiu pelo oriente até a Índia. Foi o
império mais extenso do mundo antigo até esse tempo. Seu domínio foi
"sobre toda a terra" no sentido de que nenhum poder da terra era
igual a ele, e não porque cobrisse todo mundo, nem ainda toda a terra conhecida
nesse tempo. Um "poder mundial" pode definir-se como aquele que está
acima de todos os demais, um poder invencível, e não necessariamente porque
governa todo mundo. As afirmações superlativas eram comumente usadas pelos reis
da Antiguidade. Ciro se denominava como: "rei do mundo… e dos quatro
bordes (regiões da terra)"...
O Quarto Reino.
Pernas de Ferro – “O quarto reino será forte como o
ferro, pois, como o ferro esmiúça e despedaça tudo, como o ferro quebra todas
as coisas, ele esmiuçará e quebrará”. (Daniel 2: 40).
Esta não é a etapa posterior quando se dividiu o império
de Alexandre, mas do império que conquistou o mundo macedônico. Muito antes da
tradicional data de 753 a.C., Roma tinha sido estabelecida por tribos latinas
que tinham vindo à Itália em ondas sucessivas ao redor do tempo em que outras tribos
indo-europeias se tinham estabelecido na Grécia. Desde aproximadamente o século
VIII a.C. até o V a.C. a cidade-estado latina foi governada por reis etruscos
vizinhos. A civilização romana foi muito influída pelos etruscos, que vieram à
Itália no século X a.C. e especialmente pelos gregos que chegaram dois séculos
mais tarde. Pelo ano 500 a.C. o Estado romano se converteu em república, e
seguiu sendo-o por quase 500 anos. Em 265 a.C. toda Itália estava sob o domino
romano.
Em 200 a.C. Roma saiu vitoriosa da luta mortal que tinha
sustentado com sua poderosa rival do norte de África, Cartago (originalmente
uma colônia fenícia); desde então se fez dona do Mediterrâneo Ocidental e era
mais poderosa do que qualquer dos estados do oriente.
Roma primeiro dominou e depois absorveu, um a um, os três
reinos que sobraram dos sucessores de Alexandre, e assim chegou a ser o
seguinte grande poder mundial depois dele. Este quarto império foi o que mais
durou e o mais extenso dos quatro, pois no século II estendia-se desde
Inglaterra até o Eufrates.
"Como o Ferro" - Edward Gibbon chamou muito adequadamente
Roma de “a monarquia de ferro”, ainda que não fosse monarquia no tempo em que
chegou a ser o principal poder do mundo.
"Quebra e Despedaça Tudo" - Tudo o que se pôde reconstruir
da história romana confirma esta descrição. Roma ganhou seu território pela
força ou pelo temor que infundia seu poderio armado. Ao princípio interveio em
conflitos internacionais numa luta pela sobrevivência contra Cartago, sua
rival, e depois se viu envolvida numa guerra após outra; esmiuçando seus adversários
um a um, tornou-se finalmente na agressiva e irresistível conquistadora do
mundo mediterrâneo e da Europa Ocidental. No princípio da era cristã, e um
pouco mais tarde, o poder de ferro das legiões romanas respaldava à Pax Romana
(a paz de Roma). Roma era o império maior e mais forte do que o mundo tinha
conhecido até então.
O Quinto Reino.
Dedos de Ferro e Barro – “Quanto o que viste dos pés e
dos dedos em parte de barro de oleiro e em parte de ferro, isso será um reino
dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro; pois, como que
viste o ferro misturado com barro de oleiro”. (Daniel 2: 41).
Ainda que mencione os dedos, Daniel não chama
especificamente atenção a seu número. Declara que o reino seria dividido. Isso
significa que esse Reino representa a forma atual de governo em que se encontra
a sociedade humana; dividida, mas com alguns reinos fortes como o ferro e
outros frágeis como o barro.
Barro e Ferro, Fraco e Forte – Ao longo dos séculos, Roma
foi perdendo sua tenacidade férrea através de sucessores débeis, isto significa
que Roma permaneceria até os dias de hoje, porém como uma mistura do ferro
(Império Romano) com o barro (nações, povos e línguas). Atualmente o que sobrou
do Império Romano foram o papado (Igreja Católica) e a cultura de Roma herdada
pelo ocidente, contudo, segundo a interpretação de Daniel, ainda haveria uma
parte forte. Os reinos bárbaros que foram cristianizados diferiam grandemente
em valor militar, como o diz Gibbon ao referir-se às poderosas monarquias dos
francos e os visigodos, e dos reinos subordinados dos suevos e burgúndios.
"Não Ficarão Unidos" - Os versos 42 e 43 de Daniel capítulo
2 dizem: "Como os artelhos (dedos) dos pés eram, em parte de ferro e em
parte de barro, assim, por uma parte o reino será forte e, por outra, será
frágil. Quando ao que viste do ferro misturado com barro de lodo,
misturar-se-ão (com semente humana) pelo casamento, mas não se ligarão um ao
outro, assim como o ferro não se mistura com o barro".
A profecia do Livro de Daniel suportou a prova do tempo.
Algumas potências mundiais da era Cristã foram débeis e outras fortes, porém o “nacionalismo
romano” continuou vigoroso; mas as tentativas de converter num império único e
grande as diversas nações que surgiram terminaram em fracasso. Certas nações se
uniram transitoriamente, mas a união delas não resultou nem pacífica nem
permanente.
Já houve muitas alianças políticas entre as nações, mas
todas as tentativas de unificação se frustraram. A profecia não declara
especificamente que não poderá haver uma união transitória de vários elementos
por meio da força das armas ou de uma dominação política, no entanto, ela
afirma que essa união não funcionará organicamente, pois seus integrantes continuarão
com receios mútuos e hostis. Uma federação formada sobre tal fundamento será um
reino divido e estará condenada à ruína. O sucesso passageiro de algum ditador
ou de algum povo não deve assinalar-se como o fracasso da interpretação de Daniel.
O Último Reino.
Poder-se-ia dizer que os dez dedos (artelhos) dos pés são
dez reinos que segundo Apocalipse 17: 12 são os dez chifres da Besta que
receberão autoridade por “uma hora” juntamente com ela, e nesta oportunidade
cairá a “Pedra do Céu” e exterminará a civilização contemporânea, dando lugar a
um “Novo Reino”, o Milênio de Paz. Só depois deste milênio, o sétimo, o sábado
da Terra, ela se restaurará. O Milênio de Paz será uma preparação para o
surgimento do “Novo Céu” e a “Nova Terra”. Deve-se considerar que dedos são
“articulações” e chifres não são, portanto, Daniel 2:41-43 e Apocalipse 17:12 estão indicando que, como dedos, “reinos”
(ideologias, religiões, culturas ou tradições) se “dobrarão” e se “conformarão”
uns aos outros para terem o domínio sobre a Terra, porém contra a sua natureza,
pois não é natural que chifres se “dobrem” ou se “amoldem”.
"A Pedra cortada sem o auxílio de mãos" – O verso 44 diz:
No tempo desses reis, o Deus do céu fará aparecer um reino que nunca será
destruído, nem será conquistado por outro reino. Pelo contrário, esse reino
acabará com todos os outros e durará para sempre. É isso o que quer dizer a
pedra que o rei viu soltar-se da montanha, sem auxílio de mãos, e que
despedaçou a estátua feita de ferro, bronze, prata, barro e ouro. O Grande Deus
está revelando o que vai acontecer no futuro. Foi este o sonho e esta é a sua
fiel interpretação.
"Fará Aparecer um Reino" – Este detalhe é uma predição da primeira
vinda de Cristo e da Sua posterior conquista do mundo pelo Seu Evangelho, mas
este novo "Reino" não poderá coexistir com nenhum daqueles quatro
reinos (“Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo”... João 18: 36) porque
ele sucederá aos pés de ferro e barro misturados. Portanto, o Reino de Deus de
fato ainda está por vir como Jesus afirmou a seus discípulos em Lucas 21: 25-28,
porque ainda não vemos todas as coisas sujeitas aos Seus pés, o que
experimentamos agora é um nuance espiritual do Reino do Céu (Hebreus 2:8-11).
Porém, este último Reino será estabelecido na Terra quando Cristo voltar para
resgatar aqueles que O aceitaram como Salvador, primeiro como um reinado de mil
anos sob o domínio de Jesus Cristo e Sua Igreja na cidade de Jerusalém,
posteriormente, como o Reino eterno de um Novo Céu e uma Nova Terra na
Jerusalém Celestial. Confira 2 Timóteo 4: 1 e Mateus 25: 31-34.
Curiosidades: Pedra - Em Aramaico “ében”, é uma palavra idêntica a palavra “eben” do Hebraico. Sua tradução é "pedra" e é usada para
se referir a lousas, pedras para atirar com funda, pedras talhadas, vasilhas de
pedra, pedras preciosas. A palavra “rocha” é usada frequentemente na Bíblia
como uma referência a Deus (Deut. 32:4, 18; 1 Sam. 2:2; etc.). Esta palavra “rocha”
vem da palavra hebraica “tsur”. A
palavra usada no original por Daniel foi “tsur”
(Rocha) e não “ében”. Daniel é claro
em sua interpretação para o rei Nabucodonosor, pois apresenta e descreve precisamente
todos os símbolos usados no sonho profético.
"Cortada do monte sem auxílio de mãos" – este é um indicador
de que este último reino tem origem sobre-humana. O último Reino não será
erigido pelas hábeis mãos dos homens (as civilizações antigas “talhavam” pedras
para com elas construírem suas cidades), mas pela poderosa mão de Deus. Assim
como todo reino do mundo foi e ainda é estabelecido por Deus, este novo reino
também será, contudo, “sem o auxílio de mãos” humanas.
Fontes: Bíblia Sagrada e Wikipédia.
BÍBLIA, A PALAVRA VIVA DE DEUS.
L. M. S.