MANANCIAL

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"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

terça-feira, 15 de agosto de 2017

O DOM DE LÍNGUAS NO DIA DE PENTECOSTES.


Leitura: Atos dos Apóstolos capítulo 2 do verso 1 ao 13.

Sei que a leitura deste trecho da Escritura fará que muitos concordem com a interpretação dos tradicionais no que concerne ao dom de línguas – que foi xenoglossia e não glossolalia – porém, se o texto for submetido a uma análise minuciosa, então o “maná escondido” será revelado aos nossos olhos.

O texto nos diz que os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar concordemente e que todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas; e que estavam habitando em Jerusalém por ocasião das festas, judeus de todas as nações do mundo conhecido daquela época, os quais ouvindo aquela voz ajuntaram-se confusos, pois “ouviam” falar em suas línguas maternas das grandezas de Deus. Até aqui tudo parece acordar com os ensinos dos tradicionais, mas vamos adiante para compreender de onde eram as pessoas que compunham a multidão que viera à Jerusalém. Eram eles judeus Partos, Medos, Elamitas, Mesopotâmios, habitantes da “Judeia”, da Capadócia, do Ponto e da Ásia.

Atos 2 refere-se a povos próximos de Israel, dentre os quais temos nações historicamente mencionados nas Escrituras, sendo assim, as línguas desses povos não eram totalmente estranhas para os judeus. Pense comigo nas línguas dos povos de países vizinhos ao Brasil como da Argentina, da Guiana (inglesa), da Guiana Francesa... Esses povos falam o espanhol, o inglês e o francês; se eu ouço alguém falar numa dessas línguas, mesmo que eu não o entenda, saberei distingui-la como um idioma desses países e jamais direi que o sujeito está bêbado por falar em inglês, ou espanhol ou em francês.

Deve-se notar que os “naturais da Judeia” também subiram às festas em Jerusalém, e que também foram ouvidas as línguas maternas da “Judeia” (Atos 2:9); isto mesmo, o idioma ou os idiomas da Judeia (hebraico, aramaico e grego) também foram ouvidos por alguns, mas incompreendidos por outros. Mas... Os judeus não entenderam a sua própria língua materna? Por quê? Porque o dom de línguas não é xenoglossia, isto é, não é deste mundo, mas do céu. Deus só abriu o entendimento dos Seus verdadeiros adoradores, isto é, dos judeus obedientes, daqueles filhos de Israel que buscavam o Deus de seus pais em seus corações, pois só assim eles O poderiam encontrar.

Sim! Toda a multidão ouviu as línguas no dia de pentecostes, mas nem todos as compreenderam como idiomas dos povos vizinhos de Israel ou nas línguas naturais de Israel, pois alguns dentre a multidão disseram: “eles estão bêbados”. Mas; por que será que eles disseram isso? Simples! Porque bêbado não diz coisa com coisa; bêbado balbucia palavras e não sons inteligíveis (Por lábios “gaguejantes”, e por outra língua, Deus falará a este povo – Isaías 28:11).

KAINOS E NEOS.

...E falarão “novas línguas”... (Marcos 16:17).
O versículo acima do Evangelho de Marcos é taxativo quando usa o termo “kainos” para definir como seriam as línguas espirituais. Porém tem gente pervertendo até o significado de Kainos, mas o dicionário Strong define esta palavra sem deixar espaço para qualquer argumentação. Vejamos:

Kainos - idioma grego, descrição: De afinidade incerta; adjetivo – 1. Novo - com respeito à forma – feito recentemente, fresco, recente, não usado, não surrado; 2. Com respeito à substância: de um novo tipo, sem precedente, novo, recente, incomum, desconhecido.

Na Bíblia King James. 

2537 kainós - corretamente, novo em qualidade (inovação), fresco em desenvolvimento ou oportunidade - porque "não foi encontrado exatamente assim antes".
A. Com respeito à forma: Recentemente feito, fresco, recente, não utilizado, despreocupado (oposto de antigo ou antiquado);
B. Quanto à substância: De um novo tipo; Sem precedente, incomum, inédito (dado agora pela primeira vez).

Kainos denota algo que “nunca foi utilizado” algo que é inédito, tal qual o sepulcro em que Jesus foi colocado: ...“E no jardim um sepulcro novo (mnemeion kainon), no qual ainda NINGUÉM HAVIA SIDO POSTO” (João 19:41).

A palavra “Neos” qualifica algo como “jovem” que pertence à mesma natureza e tem a mesma substância do que já existe, difere do antigo apenas no tempo em que foi feito; exemplo: o vinho novo é diferente do vinho velho apenas pela idade, mas ambos têm a mesma substância, pois eles são feitos de uvas; e a mesma natureza ou origem, pois ambos provêm da videira.

Em Mateus 9:17, há uma distinção entre kainos e neos, ou seja, entre as duas palavras gregas que definem algo novo: “odres novos” (askous kainos) e “vinho novo” (oinon neon). 

Jesus disse que não se coloca vinho novo em odres velhos, porque eles já foram usados e, portanto, ainda haverá restos de vinho velho no seu interior, se o vinho novo for posto dentro deles sofrerá fermentação e lhes causará ruptura. Então “vinho novo” (oinon neon) se coloca em “odres novos” (askous kainos) e ambos se conservarão. Esta é uma parábola comparativa entre a justiça da Lei, que é o vinho velho, e a justiça pela fé, que é o vinho novo; e entre o homem natural, que é o odre velho, e a “nova criatura” (kaine ktisis), que é o odre novo. Isto quer dizer que a justiça pela fé da Nova Aliança, na categoria de vinho novo, não era algo estranho ou inédito, isto é, não é algo que nunca fora utilizado, mas que mesmo sendo “Nova” ela tinha o testemunho da Antiga Aliança, porém a Nova a ratificou e a aperfeiçoou dando-lhe o verdadeiro sentido, o do Espírito (Hebreus 11:39,40), ou seja, a justiça pela Graça veio isenta do fermento humano (Efésios 2:8-10), pois ela é nova apenas no sentido de tempo, visto que a Lei e os profetas testificaram dela (Gênesis 15:6 e cap. 49:10; Deuteronômio 18:9-22; Habacuque 2:4); na Lei, porém, o “Verbo de Deus” ainda não habitava no interior dos homens e nem estava escrita em seus corações (Jeremias 31:33). Então a justificação pela Graça por meio da fé é “Neos” porque Jesus veio no “Seu tempo” para confirmar a Lei e os Profetas e dar-lhes sua correta interpretação (Isaías 11:1-5). 

Kaine Diatheque – Novo Testamento - Lucas 22:20; 1 Coríntios 11:25.

Não entendam erroneamente, pois todos os heróis da Antiga Aliança foram justificados por meio da fé em Deus, mas morreram sem alcançar a promessa, isto é, Jesus Cristo. Portanto, a Aliança do Sangue de Cristo é superior à da Lei, pois, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça (2 Coríntios 3:7-9).

Com relação ao “homem natural” (o odre velho), e à “nova criatura” (o odre novo); Jesus foi categórico com Nicodemos quando disse que quem não nascer da água (Palavra) e do Espírito, não pode ver o reino de Deus, pois o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito; e Cristo ainda acrescentou: O vento assopra onde quer, e “ouves a Sua voz”, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3:5-8).

O velho homem, o terreno, tem sua genealogia, pois descende de alguém semelhante a ele, isto é, pais e filhos têm a mesma natureza, porque seus pais que os geraram são seres humanos, e mesmo quando os filhos são ainda jovens (novos) eles não diferem da natureza de seus progenitores, portanto, os jovens são novos (neos) apenas no sentido de tempo, mas não diferem de seus pais em substância; contudo a “nova criatura” (2 Coríntios 5:17) gerada pelo Espírito Santo, não pertence a este mundo, isto é, ela é inédita, pois não é desta criação (Hebreus 9:11), mas foi gerada a partir de Jesus Cristo por obra exclusiva do Seu Espírito: “Eis que tudo se fez novo”...

Por isso Jesus disse a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo... Quem não nascer da água e do Espírito não pode ver o reino de Deus... O que é nascido do Espírito é espírito”; isto mesmo, os recipientes devem ser novos em substância e natureza para conter o vinho novo da Graça de Deus, a saber, a justificação pela fé em Jesus oferecida na Nova Aliança; os odres velhos não poderão contê-la, pois já provaram do vinho velho e o consideram melhor (Lucas 5:39). Por isso o “novo nascimento” é coisa imprescindível para a salvação da alma; o nosso velho homem deve morrer para que Cristo seja gerado em nós; aquele que é gerado do Espírito, não tem ancestrais na Terra -“Não sabes de onde vem”- mas descende do Céu, pois é gerado de Deus para habitar as regiões celestiais em Cristo – “Nem para onde vai” – assim são todos que nascem do Espírito de Deus (ler Hebreus 11:14-16).

O novo Céu (ouranon kainon) e a nova Terra (gen kainen) também são qualificados em Apocalipse 21:1 como Kainos, isto é, novos em natureza e substância, ou seja, como lugares onde nenhum homem ou mulher jamais habitou ou pôs os seus pés, pois o que os olhos não viram, e nem os ouvidos ouviram, e nem subiram aos corações são as coisas que Deus tem preparado para aqueles que O amam. Os renascidos em Cristo serão cidadãos do Céu; glórias a Deus! 

Glossais (línguas) lalesousin (falarão) kainais (novas).

Sei que certos teólogos dirão que em algumas passagens bíblicas kainos e neos se confundem, como é o caso de Hebreus 12:24 onde a “Nova Aliança” é descrita como “Neos” (diatheques neas - pacto novo) e em Hebreus 8:8,13 o termo usado é “kainos” para qualificar a Aliança de Cristo, mas ai devemos nos valer da exegese do texto, pois o escritor está fazendo uma comparação entre Cristo e Abel no capítulo 12:24, ou seja, em comparação a Abel, a Aliança de Cristo é Neos, pois é a mesma aliança da fé (Hebreus 11:4. Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim...) só difere no tempo; porém, quando o autor compara Jesus com Israel na aliança da Lei (Hebreus 8:8,13), o termo usado é Kainos para a Nova Aliança do Cordeiro de Deus. 

Atos 2 nos mostra que o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente, mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido (1 Cor. 2:14,15); e que toda a confusão das línguas pela desobediência em Babel, são desfeitas no Espírito Santo de Deus. As línguas faladas pelos discípulos no pentecostes foram celestiais, foram os gemidos inexprimíveis do Espírito Santo (Rom. 8:26) e só puderam entender os que se fizeram como “meninos” no reino do céu (Mateus 18:3).

L. M. S.    

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