É certo que na Nova Aliança, o sacerdócio não está mais
restrito a uma classe, pois todos os crentes são feitos em Cristo o reino e
sacerdotes para Deus Pai (Apoc. 1: 6). Porém, Deus ainda conservou na Igreja os
“ministros da Palavra” visando o aperfeiçoamento dos santos (Ef. 4: 11-14).
Estes ministros são as “juntas e ligaduras” do Corpo do Senhor (Col. 2:19) para
que os Seus membros sejam bem ajustados e assim cresçam para a glória de Deus.
Números capítulo dezoito trata dos deveres e direitos dos
sacerdotes de Israel e pode servir de parâmetro no que concerne à vida
ministerial do Evangelho. Uma das coisas que tem peso sobre os que ministram a
Palavra ao rebanho de Deus é o ensino correto das Escrituras Sagradas, pois se
este ensino for enganoso, pior será para quem o ministrar, visto que os mestres
receberão o mais duro juízo (Tiago 3:1), assim como está escrito que Arão e
seus filhos levariam a “iniquidade do santuário” e do sacerdócio (Números 18: 1), porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens buscar a lei, porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos (Malaquias 2:7).
Arão e seus filhos atenderiam a tudo referente ao altar e
ao que estava além do véu, porque este era o seu serviço, o sacerdócio, o qual
Deus lhes entregara por ofício como dádiva (Núm. 18: 7). Assim como eles comiam
do que se oferecia no altar, das ofertas dos filhos de Israel, também os
ministros que cuidam das ovelhas do Senhor, podem participar do que os crentes
ofertam, porém a Escritura diz: “No lugar santíssimo o comerás”... (verso 10); isto
quer dizer: nunca nos prazeres mundanos, nunca no conforto terreno, mas no
labor da obra evangélica; pois também diz a mesma Escritura: “Na sua terra
herança nenhuma terás e no meio deles nenhuma porção terás. Eu Sou a tua porção
e a tua herança”... (verso 20). E o verso 11 do mesmo capítulo acrescenta:
“Todo o que estiver limpo na tua casa a comerá”.
O obreiro fiel a Cristo é digno do seu salário. Salário na
Bíblia quer dizer jornal (Mat. 20: 8), o sustento para um dia de serviço que
supra as necessidades materiais; portanto, quem quer ser um ministro do Senhor
deve acomodar-se a uma vida simples e não dar escândalos ao Evangelho de
Cristo.
Aqueles que reinam no mundo vivem para si mesmos e não
para Deus, porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria no Espírito Santo (Rom. 14: 17), mas os
que querem ser ricos no mundo cometem suicídio espiritual, pois caem nas tentações da carne e em laço satânico, e também
em muitas concupiscências loucas e nocivas as quais submergem os homens na
perdição e ruína, porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de
males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos
com muitas dores (1 Tim. 6: 9,10).
O MANÁ DEVE SER COLHIDO TODOS OS DIAS (Êxodo 16: 4,14-21).
A colheita do Maná era feita diariamente conforme a
necessidade de cada um; uns mais outros menos, não sobrava ao que colhia muito,
nem faltava ao que pouco colhia. A interpretação deste símbolo é que cada
crente colhe do “Pão do Céu” e da “provisão divina”, segundo a sua necessidade
e segundo a medida da fé (Ef. 4: 7,13); o Senhor mesmo disse que o Pão que lhes
dava a comer, os provaria se andavam conforme a Sua Lei (verso 4). Na oração do
“Pai Nosso” Jesus nos ensina que Deus nos dá o pão suficiente para cada dia
(Mat. 6: 11; Lucas 11: 3), não é para sobejar, pois o maná se fosse colhido
além do que cada um podia comer, o que sobrava na manhã seguinte criava bichos
e cheirava mal (verso 20).
No contexto espiritual o crente fiel deve comer do Pão do
Céu (que é Cristo) todos os dias para ter a vida em si mesmo (João 6: 53). É certo
que os meninos comem “porções” menores que os adultos, assim também se dá com a
fé cristã, as crianças espirituais recebem porções diferentes dos adultos na
fé, porém todos devem se alimentar de Cristo Jesus, uns para crescer Nele,
outros para se manter Nele e todos para serem aperfeiçoados Nele (Ef. 4: 13).
... “Como está escrito: Ao
que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou” (2 Coríntios
8: 15).
L. M. S.