MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

domingo, 31 de julho de 2016

A CRUZ.

O que é a cruz? Ela é o símbolo da morte pela maldição do pecado, pois na cruz eram condenados à morte todos os rebeldes às leis, nela os transgressores recebiam a justa punição segundo a justiça humana. Destarte a cruz é a sentença que, na carne, cada homem ou mulher carrega em si, porque ela lança em rosto as fraquezas da carne, e é por isso não há arrependimento verdadeiro, nem conversão genuína, sem que o pecador confesse seu pecado e assuma a sua cruz admitindo a totalidade da corrupção a que se expôs.

Existe uma cruz para cada indivíduo. Existe a cruz do ladrão, a cruz do homicida, a cruz do adúltero, a cruz da prostituta, a cruz do homossexual, a cruz do estelionatário, a cruz do pedófilo, a cruz do drogado, a cruz do fumante, a cruz do violento, a cruz do devasso, a cruz do vingativo, a cruz do pobre, a cruz do miserável, a cruz do rico, a cruz do avarento, a cruz do mentiroso, a cruz do corrupto, a cruz do justo e a cruz do ímpio. Ela é a “marca” da incapacidade do ser humano se justificar diante de Deus.

Jesus nunca disse que nos aliviaria da cruz, nem mandou que nos despojássemos dela, mas tão somente que a carregássemos; e como faríamos isso? Seguindo após Ele. Tem gente que cai pelo caminho com o peso da cruz, alguns desistem e voltam atrás, outros ficam prostrados chorando a miséria da sua cruz, há ainda aqueles que pensam que podem abandoná-la em Cristo, mas não podem, pois Ele mesmo disse: “Se quiser vir após mim, NEGUE-SE A SI MESMO, tome a cada dia a sua cruz e siga-me” (Lucas 9: 23).

A solução para a cruz é olhar somente para Jesus.

Quando estive na escola militar e o meu pelotão era levado para treinamento, eu sabia que iríamos sofrer muito, pois seriam horas de dores, cansaço e de humilhação. Numa das “pistas de treino” havia uma frase de efeito logo à entrada; ela dizia o seguinte: “O SUOR POUPA O SANGUE”; ou seja, o suor no campo de treinamento, poupa o sangue no campo de batalha; ela indicava que quanto mais experimentado, mais chance de sobreviver na guerra.

Então aprendi uma coisa, aprendi a não pensar no peso daquelas horas, mas no fim de tudo aquilo, no fruto que resultaria dali, pois eu ficaria mais forte, mais firme, mais perseverante, mais capacitado e mais hábil. Outro alento animador era que depois de toda a canseira e sofrimento haveria o descanso para mim.   

O apóstolo Paulo diz algo parecido com o que mencionei. Ele diz: “... tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória há ser revelada em nós” (Romanos 8: 18), portanto, não atentando para aquilo que se vê, mas para o que não se vê, porque as coisas que se vêem são passageiras, mas as que se não vêem são eternas (2 Cor. 4: 18), esqueço do que para trás fica, e prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fil. 3: 13,14).

A cruz não é o fardo do pecado, mas a assinatura desse fardo na carne, e em Cristo ela deixa de ser um peso e se torna motivação, isto é, um estímulo para não vivermos mais nos ditames, nas inclinações e nos desejos da carne, porque pela cruz conhecemos as nossas fraquezas e limitações, porque se andarmos segundo as inclinações da carne, nós morreremos, mas se pelo Espírito Santo mortificarmos as obras da carne, então viveremos (Rom. 8: 13), porque a inclinação da carne é morte, mas a inclinação do Espírito é vida e paz (Rom. 8: 6).

O pecador arrependido convertido ao Senhor e renascido em Cristo, ainda sentirá na carne os desejos do pecado, mas como tudo se fez novo e as coisas velhas já passaram (2 Cor. 5: 17), ele não viverá pelos seus sentidos e sim pela fé naquele que o chamou das trevas para a luz. Por exemplo, um homem imoral, que viveu uma vida de dissolução, mas que arrependido do seu mau caminho volta-se para Jesus, ainda sentirá as marcas da escravidão de outrora na sua carne, contudo, não será mais dominado por seu passado, antes subjugará as inclinações carnais por amor à fé que em Jesus Cristo abraçou, e como já foi experimentado naquelas paixões, reconhece o fim decadente para o qual aquele caminho o levou. Não há mágica, apenas fé; fé que gera obediência; obediência que produz bons frutos; bons frutos que revelam o verdadeiro louvor a Deus.

O AGUILHÃO DA MORTE É O PECADO (1 Cor. 15: 56).

Aguilhão é uma ponta de ferro fixada na extremidade de uma vara usada para conduzir bois infligindo-lhes dor. Isto quer dizer que o pecado é como uma ponta afiada golpeando a carne para guiá-la à morte, impondo à alma as dores da corrupção.   

Assim Deus disse a Caim: Se não fizerdes o bem, o pecado jaz à porta (da mente e dos sentidos), e sobre ti será o seu desejo (o desejo do pecado é envolvente), mas sobre ele deves dominar (o domínio próprio reside na obediência a Deus) (Gên. 4: 7). 

UM DISCURSO DIFÍCIL DE ENGOLIR.

“A minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida” (João 6: 55).

Os contemporâneos de Cristo escandalizaram-se quando ouviram o discurso do “Pão da Vida” onde Jesus disse com todas as letras que o judaísmo, as tradições e as leis da nação de Israel não poderiam salvá-los da morte, e que todas estas coisas eram como o maná que os pais comeram – mas não conheceram – e morreram. Que faremos para realizar as obras de Deus? Perguntaram os judeus. Jesus lhes disse: A obra de Deus é esta: “creiam naquele que por Ele foi enviado” (versos 28 e 29). Jesus disse: “Eu Sou o Pão da Vida” (verso 48). Eu Sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que Eu darei pela vida do mundo é a minha carne (verso 51). Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tendes “vida” em vós em vós mesmos (verso 53). Quem de Mim se alimenta, por Mim viverá (versa 57).

Os judeus não entenderam o conteúdo desta mensagem e hoje os cristãos também não entendem, pelo menos a maioria dos que se dizem cristãos. Jesus levou na sua face murros, bofetadas e cusparadas, nas costas recebeu chibatadas, nos seus ouvidos insultos e zombarias, mas não revidou nenhuma afronta que sofreu, Ele negou-se a Si mesmo, pois sendo Deus, não usurpou ser igual a Deus, antes, se esvaziou de Sua glória e assumiu a forma de servo, e na forma de servo, humilhou-se a Si mesmo e foi fiel até a morte na cruz (Fil. 2: 6-8).

“Não é o servo maior que o seu Senhor”; alguém se lembra disso? Basta que ele seja igual ao seu Senhor (Mat. 10: 24,25); e se ao madeiro verde fizeram tudo que quiseram; que será do madeiro seco? (Lucas 23: 31). “Comer a carne e beber o sangue” não se limita a uma cerimônia (Ceia do Senhor), mas no viver por intermédio da carne e do sangue de Jesus Cristo, no estar crucificado com Ele para ser ressuscitado por Ele no último dia; no andar, no sentir, no olhar, no pensar, no falar e no agir da mesma maneira que Ele o faria; essa é a verdadeira vida esse é o verdadeiro “caminho”; “andai por Ele”.   

Tenhamos este mesmo sentimento: “Aquele que padeceu na carne, já cessou do pecado” (1 Pedro 4: 1).

L. M. S.


    

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