MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

terça-feira, 26 de abril de 2016

EVANGELHO MISCIGENADO.

... “qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor” (1 Coríntios 11: 27).

A maioria dos cristãos pensa que o verso acima citado faz alusão à cerimônia da Ceia do Senhor, mas Paulo está ensinando algo muito mais profundo.

Na história dos Reis de Israel lemos a narrativa da vida de Jeú, filho de Josafá, que foi ungido como rei de Israel por um jovem profeta mandado por Eliseu (2 Reis 9: 1-10). O Senhor designou este capitão como vingador contra toda a casa de Acabe e seus aliados, e para extirpar o culto idólatra em Israel. Jeú, ungido, saiu e executou o mandado do Deus de seus pais matando a Jorão rei de Israel (filho de Acabe e Jezabel), a Acazias rei de Judá (filho de Atália e neto de Acabe e Jezabel) e a Jezabel; aos setenta filhos de Acabe, ele mandou que os chefes de Jizreel os matassem. Também matou os irmãos de Acazias e todos os partidários de Acabe, ele ainda eliminou os profetas de Baal e destruiu o seu templo e os seus ídolos (2 Reis 9: 12-37; cap. 10: 1-28). Parece ótimo, mas não foi. No verso 31 do cap. 10 de 2 Reis, está escrito: Mas Jeú não teve cuidado de andar com “todo o seu coração” na lei do Senhor Deus de Israel, nem se apartou dos pecados de Jeroboão, com que fez pecar a Israel.

O profeta Oséias ouviu do Senhor que Ele vingaria o sangue de Jizreel sobre a casa de Jeú (cap. 1 verso 4) e no mesmo livro, no cap. 10, o profeta diz:

Israel é uma “vide estéril*” que dá fruto para “si mesmo”; conforme a abundância do seu fruto multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra, assim, fizeram boas as estátuas. O “seu coração está dividido”, por isso “serão culpados”; o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas. (Oséias 10: 1,2).

*VIDE ESTÉRIL (Almeida Corrigida e Revisada Fiel) – Em outras versões: VIDE FRONDOSA, VIDE FRUTÍFERA ou VIDE VIÇOSA (respectivamente: Almeida Revisada Imprensa Bíblia; Versão Católica; Sociedade Bíblica Britânica; Nova Versão Internacional); mas mesmos nessas outras versões está subentendido que os “frutos” da videira Israel não são para o Senhor que a plantou, portanto para Ele, Israel é uma videira estéril, pois seus “altares” descritos não servem sacrifícios a Deus, senão aos seus ídolos (estátuas ou colunas – postes ídolos – Astarote, deusa da fertilidade).    

Quando Deus disse que vingaria (ou visitaria) o sangue derramado por Jeú em Jizreel (local onde se situava o Palácio do rei Acabe e Jezabel), nos parece um paradoxo (contradição) da parte do Senhor, pois foi Ele mesmo quem ordenou que Jeú fizesse a matança e libertasse Israel do reinado iníquo estabelecido por Acabe e sua esposa. Alguém pode sugerir que Jeú excedeu às ordens que recebera e por isso Deus requereu o sangue derramado, mas o verso 30 do capítulo 10 de 2 Reis desfaz totalmente essa suspeita: 

Por isso disse o Senhor a Jeú: Porquanto BEM AGISTE EM FAZER O QUE É RETO AOS MEUS OLHOS, E CONFORME TUDO QUANTO EU TINHA NO MEU CORAÇÃO, FIZESTE À CASA DE ACABE, teus filhos, até à quarta geração, se assentarão no trono de Israel.     

Então por que Deus tomaria vingança contra a casa de Jeú? Porque Jeú não era íntegro de coração com Deus (2 Reis 10: 31), isto é, o seu coração não era inteiro do Senhor, pois ele comungava da mesa de Deus e dos demônios.

Porém não se “apartou” Jeú de “seguir” os pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel, a saber: dos bezerros de ouro, que estavam em Betel e em Dã. (2 Reis 10: 29).

Jesus disse que ninguém pode servir a dois senhores; Elias repreendeu os israelitas por coxearem (hesitar, vacilar, pender) entre dois pensamentos; João Batista censurou os fariseus por buscarem o seu batismo sem o verdadeiro fruto do arrependimento; Tiago, o irmão do Senhor, advertiu que o homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos e que da mesma fonte não pode sair água doce e amargosa (Mateus 6: 24; 1 Reis 18: 21; Mateus 3: 7,8; Tiago 1: 8; 3: 12).

Na “Parábola dos Talentos” o terceiro servo que recebeu apenas um talento e o enterrou, quando o seu senhor retornou ele lhe disse: “Eu sabia que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste (joeirar – peneirar os grãos, cirandar), e com medo escondi o teu talento na terra...”; os leitores desta parábola dizem que “enterrar o talento” significa não fazer a obra de Deus, não trabalhar nela, mas eu penso que o ensino vai além disso, pois o ato de “enterrar” sugere uma mistura do talento com a terra, quero dizer, das coisas sagradas com as imundas. Outra coisa patente na parábola é o mau juízo que o servo faz do seu Senhor. Acho que ele pensou assim: “por que eu sofreria em favor de um tirano”?  

Há cristãos inimigos da cruz, eles não querem mudar suas atitudes, não querem se separar do mundo e nem sofrer pelo Evangelho de Cristo, por isso eles amontoam para si teólogos segundo as suas concupiscências, e organizam meios de suprir o Reino do Céu com as riquezas dos Reinos do Mundo, e para tanto correm atrás de falsas doutrinas, de dinheiro, de políticos, de status, de diplomas, de fama etc. Deixam a fé de lado e vivem pelo ventre, abdicam das regiões celestiais em Cristo para habitarem na Terra, entristecem o Espírito Santo em prol do espírito do mundo... Mas, ai deles, pois são seguidores do caminho de Caim, Balaão, e Coré, são amantes de si mesmos e do prêmio da injustiça. 

Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. (1 Cor. 10: 21).


L. M. S.        

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O SINAL DE AUTORIDADE POR CAUSA DOS ANJOS.

A frase título deste comentário sempre me fascinou. Por que Paulo escreveu isso? O que ele quis dizer com isso? Talvez, para se entender esta frase, nós precisemos retornar à Lei de Moisés, a um antigo ritual prescrito nela: o “voto de nazireu”.

Nazireu significa “consagrado”, “separado”; era um voto ao Senhor que qualquer israelita podia fazer, tanto o homem como a mulher, visando à santificação, e um dos aspectos desse voto era não passar a navalha sobre a cabeça, isto é, deixava-se crescer livremente a cabeleira (Números 6:5). Os nazireus não tocariam em mortos, não comeriam nem beberiam dos frutos da videira, não beberiam bebida alcoólica (bebida forte) e não teriam relações sexuais com prostitutas, pois seriam santos (Números 6: 2-8).

Um nazireu famoso das Escrituras é Sansão. Ele foi consagrado desde o seu nascimento e fez proezas em nome do Senhor, mas apesar do seu nazireado ser ordenado por Deus, Sansão não se guardou do pecado. Gradativamente Sansão foi transgredindo sua condição de homem consagrado. Ele tocou em um morto (Juízes 14:8 e 9), se deitou com uma prostituta (cap. 16: 1), e por último perdeu sua cabeleira, o seu sinal de autoridade e sua força (cap. 16: 19 e 20). Neste personagem bíblico vemos que os seus cabelos crescidos simbolizavam sua submissão a Deus, ou seja, ele tinha o “sinal” em sua cabeça de que estava sujeito à autoridade divina a qual foi predita pelo anjo no capítulo 13 de Juízes (versos 3-5).

Repare o que Paulo escreveu nestes versos:

“E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos esteve OCULTO EM DEUS, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; Para que agora, PELA IGREJA, a multiforme sabedoria de Deus seja CONHECIDA dos principados e potestades nos céus”. (Efésios 3: 9,10).

Hebreus 12: 1 exorta os crentes a se desembaraçarem do mundo.  

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma TÃO GRANDE NUVEM DE TESTEMUNHAS, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta”. (Hebreus 12: 1).

Paulo comunica aos crentes de Éfeso que os mistérios ocultos desde a criação, Deus os revelou em Jesus Cristo e que estes mistérios somente podem ser conhecidos pelos anjos através da Igreja, isto é, os principados e as potestades nos céus vêm à Igreja de Cristo para conhecer os mistérios de Deus, porque como está escrito: As coisas que os olhos não viram, e os ouvidos não ouviram, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam, e Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus (1 Coríntios 2:9,10). 

O autor da Epístola aos Hebreus usa a expressão “nuvem de testemunhas” que nos rodeia certamente ele quis dizer algo mais do que apenas testemunhas humanas.

Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio (submissão, tradução ARIB; autoridade, tradução NVI e SBB), por causa dos anjos (1 Coríntios 11:10, tradução da ACRF).
Podemos entender o significado de sinal de poderio como sujeição a uma autoridade, com a frase do centurião romano de Cafarnaum em Lucas 7 verso 8 que diz: Porque também eu sou homem SUJEITO À AUTORIDADE, e tenho soldados SOB O MEU PODER, e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.

O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. (1 Cor. 11: 7).

Paulo ensina aos crentes de Corinto que a mulher deveria se submeter ao seu marido porque ela é a glória dele, mesmo quando ela orasse ou profetizasse deveria fazê-lo debaixo da autoridade do seu esposo, e segundo os costumes da época e do local (Corinto), o uso do véu ou dos cabelos crescidos era o “sinal” de sua sujeição ao seu cônjuge. Por isso, o apóstolo dos gentios exorta que a mulher deve aprender em silêncio e não pode usar de autoridade sobre o seu esposo e nem “ensinar como autoridade” (ministério – pastora) na Igreja (1 Cor. 14: 34-36; 1 Timóteo 2: 11-14; Efésios 5: 33).

Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus. (Deut. 22: 5).       

Quando Paulo faz associação do costume das mulheres de Corinto no uso véu ou dos cabelos crescidos à sua submissão ao seu marido, e cita: “por causa dos anjos”; ele faz este paralelo por que os anjos estão “aprendendo” os mistérios de Deus com a Igreja e eles fazem parte da grande nuvem de testemunhas que nos rodeia, e mais, os anjos são espíritos ministradores enviados para servir os que herdarão a salvação (Hebreus 1: 14); como eles poderão servir a homens e mulheres que não se sujeitam ao que Deus determinou? Lembrem-se: Deus é a cabeça de Cristo, Cristo é a cabeça do varão, e o varão é a cabeça da mulher (1 Cor. 11: 3). Em Efésios 5, o apóstolo dos gentios continua o paralelismo do marido e da mulher com Cristo e a Igreja dizendo: ... “Ambos serão uma só carne”; grande é este mistério, digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja (verso 32).  


L. M. S.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

PORQUE QUANDO ESTOU FRACO ENTÃO SOU FORTE (2 Cor. 12:10).

A cultura humana valoriza a força, os músculos, os físicos esculpidos e a superação dos limites da carne; vemos isso diariamente nos filmes, revistas, histórias e jornais que exaltam os atletas do presente e do passado. É difícil para alguém desconstruir toda essa herança cultural, pois somos ensinados desde criança que a fraqueza é vergonhosa e que os fracos são patéticos, portanto ninguém quer ser ou parecer fraco.

Paulo escreveu que ele recebeu dos judeus “cinco quarentenas de açoites menos um”, isto é, ele foi açoitado além do que era permitido pela Lei (Deut. 25:3), foi fustigado (açoitado com vara) três vezes, uma vez apedrejado, sofreu três naufrágios, passou uma noite e um dia no abismo (Atos 27: 20-27); nas suas viagens missionárias esteve constantemente em perigo, fatigado pelo trabalho, passou muitas noites em claro, passou fome, passou sede, sofreu vários jejuns, sofreu nudez e frio (2 Cor. 11: 24-27).

“Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (2 Cor. 11: 28).

Este homem com certeza não foi e nem será o modelo de herói cultuado pelo mundo, mas cumpriu a risca a missão de um cristão: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos” (Mat. 10: 16).

Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. (2 Cor. 11: 30).   

O apóstolo Pedro disse que devemos nos armar do mesmo pensamento que esteve presente em Cristo de que quem padeceu na carne já cessou do pecado, e alegrai-vos por serdes participantes das aflições de Cristo, pois se pelo Nome do Senhor formos vituperados, bem-aventurados somos, porque sobre nós repousa o Espírito da glória de Deus (1 Pedro 4: 1,13,14).

Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos? E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna (Mateus 19: 27-29).

Sim! Eles receberam cem vezes mais o que deixaram para trás por amor de Cristo, pois na Igreja do Senhor eles tiveram irmãos e amigos, mães e filhos, porque a Igreja é a família de Deus.

JESUS NA CRUZ.                  

Segundo as pinturas elaboradas por artistas do passado, Jesus foi crucificado seminu, isto é, somente com um pano cobrindo suas partes íntimas (lombos cingidos). Mas a verdade é que quando Paulo fala do “escândalo da cruz” (Gálatas 5: 11; 1 Coríntios 1: 23) ele está enfatizando a cena de Cristo crucificado totalmente nu, por isso Jesus disse de antemão: “E bem-aventurado aquele que em mim não se escandalizar” (Mateus 11: 6; Lucas 7: 23).

A palavra “vitupério” significa: ato vergonhoso, infame ou indigno, que possui a capacidade de ofender, de injuriar. O escritor de Hebreus, no cap. 11 cita Moisés que trocou as benesses do palácio e do título de filho da filha de Faraó, pelo “vitupério de Cristo” (versos 24-26), e no cap. 13: 13, ele ainda acrescentou: “Saiamos, pois a Ele, fora do arraial levando o Seu vitupério”. Certamente a crucificação além de dolorosa, também foi vergonhosa para Cristo.

Na história dos heróis eles sempre vencem de modo convencional subjugando seus adversários através de suas aptidões físicas, ou resistindo aos agressores devolvendo-lhes na mesma medida. Cristo Jesus não fez assim, e quando os inimigos de Deus pensavam tê-lo liquidado, Ele venceu o valentão (Satanás), tirou-lhe a armadura, amarrou-lhe as mãos e saqueou todos os seus bens os quais guardava sob um arsenal (Mateus 12: 29; Lucas 11: 21,22). Essa é a diferença entre os heróis da fé e os heróis do mundo, os heróis da fé são fortes no Espírito e os heróis do mundo, na carne; portanto, sendo a nossa militância somente espiritual, a recomendação ao cristão é: “enchei-vos do Espírito Santo”, pois é Ele quem vivifica o crente, a carne para nada aproveita (João 6: 63; Efésios 5: 18). Lembrei-me agora do hino 291 da Harpa Cristã que diz assim: “Eu aqui com Jesus a vergonha da cruz quero sempre levar e sofrer. Cristo vem me buscar e com Ele no lar, uma parte da glória hei de ter. Sim! Eu amo a mensagem da cruz”...  

Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta,fitando os olhos em Jesus”, autor e consumador da nossa fé, o qual, pelo gozo que lhe está proposto, “suportou a cruz, desprezando a ignomínia” (desonra extrema, opróbrio, infâmia pública), e está assentado à direita do trono de Deus. (Hebreus 12: 1,2).

L. M. S.                                                     

IMPOSIÇÃO DE MÃOS.

Este é um assunto esquecido no meio cristão; quero neste estudo abordar, mediante a graça de Deus, os aspectos desta ordenança respaldada pelas Escrituras.

Trazendo à memória a fé não fingida que há em ti a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti. POR ESTA RAZÃO TE LEMBRO QUE DESPERTES O DOM DE DEUS, QUE HÁ EM TI PELA IMPOSIÇÃO DAS MINHAS MÃOS. Porque Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. (2 Timóteo 1: 5-7).

A “imposição de mãos” é um rito observado pelos antigos segundo a Bíblia. Talvez tenha surgido do ato de abençoar, como em Gênesis 14 quando Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, veio ao encontro de Abrão trazendo-lhe pão e vinho e o abençoou (versos 18-20), ou como Isaque que deu sua bênção a Jacó pensando que ele era o seu primogênito, pois diz o texto em questão que ele, Isaque, apalpou a Jacó antes de abençoá-lo (Gênesis 27: 21-23), mas certamente vemos uma clara menção da imposição de mãos para abençoar, quando Jacó, velho e enfermo, abençoa os filhos de José pondo a sua destra sobre a cabeça de Efraim e a sua mão esquerda sobre a cabeça de Manassés (Gênesis 48: 13-16).  

Nos sacrifícios pelo pecado era ordenado na Lei de Moisés que o ofertante pusesse a sua mão sobre o animal antes dele ser degolado, como está escrito em Levítico capítulo 4, ali diz que se o sacerdote pecasse, ele ofereceria a vítima e poria as mãos sobre ela antes de degolá-la; se acaso a congregação de Israel pecasse, os anciãos que compunham a assembleia de Israel poriam suas mãos sobre a oferta pelo pecado; se fosse um príncipe (ancião, juiz, capitão) ou alguém do povo que pecasse, também procederia de igual modo. O ato de pôr as mãos sobre o sacrifício implicava em identificar-se com a vítima que era morta no lugar do pecador, ou seja, era como se o animal absorvesse a culpa de quem o ofertou. 

Compare os trechos de Levítico 4 e de Tiago 5.                                

Se toda a congregação de Israel errar, sendo isso oculto aos olhos da assembleia, e eles tiverem feito qualquer de todas as coisas que o Senhor ordenou que não se fizessem, assim tornando-se culpados; quando o pecado que cometeram for conhecido, a assembléia oferecerá um novilho como oferta pelo pecado, e o trará diante da tenda da revelação. Os anciãos da congregação porão as mãos sobre a cabeça do novilho perante o Senhor; e imolar-se-á o novilho perante o Senhor. (Levítico 4: 13-15).

Está alguém doente? Chame os presbíteros (anciãos) da igreja; e estes façam oração “sobre ele”, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente, e o Senhor o restabelecerá; e se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. (Tiago 5: 14,15).

Orar “sobre ele”, sem dúvida quer nos dizer orar com a “imposição de mãos” dos anciãos sobre o enfermo.

TRANSFERÊNCIA DA UNÇÃO.

Então falou Moisés ao Senhor, dizendo: O Senhor, Deus dos espíritos de toda a carne, ponha um homem sobre esta congregação, que saia diante deles, e que entre diante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar; para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor. Então disse o Senhor a Moisés: Toma a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e “IMPÕE” A TUA MÃO SOBRE ELE. (Números 27: 15-18).

Josué recebe a incumbência de liderar os israelitas pela imposição das mãos de Moisés. Josué era um dos setenta anciãos que recebera do Espírito que estava sobre Moisés quando este achou o encargo do povo muito pesado (Números 11: 25-28). 

E apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação, e dá-lhe as tuas ordens na presença deles. E PÕE SOBRE ELE DA TUA GLÓRIA, para que lhe obedeça toda a congregação dos filhos de Israel. (Números 27: 19,20).

CONSAGRADO A DEUS.

Também cada dia prepararás um novilho por sacrifício pelo pecado para as expiações, e purificarás o altar, fazendo expiação sobre ele; e o ungirás para santificá-lo. Sete dias farás expiação pelo altar, e o santificarás; e o altar será santíssimo; TUDO O QUE TOCAR O ALTAR SERÁ SANTO (Êxodo 29: 36,37).

Um cordeiro era oferecido pela manhã, e o outro cordeiro à tarde juntamente com farinha, azeite batido (usado para iluminação Êxodo 27: 20) e vinho; oferecidos como holocausto contínuo (oferta queimada ao Senhor de cheiro suave – vida consagrada) na porta da Tenda da Congregação (testemunho perante Deus e os homens) aonde o Senhor viria, e falaria, e santificaria o Tabernáculo e o povo pela presença da Sua Glória (versos 38-44).

E HABITAREI NO MEIO DOS FILHOS DE ISRAEL, E LHES SEREI O SEU DEUS (ÊXODO 29: 45).

O autor da Carta aos Hebreus escreveu que nós temos um altar no qual não têm direito de comer os que “servem” ao Tabernáculo (Hebreus 13: 10). Na “Tenda da Congregação” havia dois ministérios: os sacerdotes e os levitas.

Os sacerdotes serviam a Deus em favor do povo, os levitas serviam ao Tabernáculo em favor dos sacerdotes e do povo, eles eram os auxiliares dos sacerdotes, eles tomavam os dízimos dos israelitas, mas não podiam comer da oferta consagrada ao Senhor no altar da Tenda do Testemunho, nem dos pães da proposição* ou pães da presença (Êxodo 29: 16-28; Lucas 6: 4).                                                 

*Pão da proposição (em hebraico: lechem haPānīm, literalmente: "Pão da Presença") - refere-se aos bolos ou pães que estavam sempre “presentes” em uma mesa especialmente dedicada, no Tabernáculo, como uma oferenda a Deus (fonte: Wikipédia).

Os capítulos de Êxodo 29 e Números 8 tratam, respectivamente, da consagração dos sacerdotes e dos levitas antes do seu ministério no Tabernáculo. Os ritos descritos nestas passagens como o sacrifício sem mácula (Jesus), o pão e os bolos ázimos (sem fermento) amassados com azeite (Cristo – sem pecado – gerado pelo Espírito Santo), coscorões ázimos untados com azeite (o Filho de Deus, o “ungido” com o Espírito Santo) que são ofertados ao Senhor pelos sacerdotes, a lavagem do sumo-sacerdote e de seus filhos com água à porta da Tenda da Congregação (purificação pela palavra e o batismo), as vestes, o éfode (avental), o peitoral, o cinto, a mitra (turbante) e a coroa sobre a mitra (vestes de justiça – Cristo), a unção com o derramamento do azeite sobre a cabeça de Arão (Espírito Santo derramado) para depois vestir os seus filhos, figuram o processo gradativo da separação do crente com o mundo, um verdadeiro simbolismo da santificação pela Palavra e pelo Espírito Santo, mediante a fé em Cristo Jesus. Note que tanto em Êxodo 29: 7 como em Levítico 8: 12; somente Arão foi ungido, pois ele era o sumo-sacerdote, os seus filhos que exerceriam o sacerdócio com ele não foram, pois estavam debaixo da unção dele; Jesus o “Cristo”, o “Ungido” de Deus é, na Nova Aliança, o nosso sumo-sacerdote e nós crentes estamos debaixo da unção Dele.

Ainda, como exemplo de unção transferida, nós temos Elias e Eliseu, a qual se inicia logo após o “profeta de fogo” lançar sua capa sobre o filho de Safate que, mais tarde, o sucederia (1 Reis 19: 16,19). A confirmação da transferência da unção acontece porque Eliseu persistiu em permanecer junto a Elias até o momento de ele ser tomado por Deus (2 Reis 2: 1-15). E a unção de Eliseu permaneceu nele até mesmo depois de sua morte (veja 2 Reis 13: 21), pois Geazi, o seu moço, não fora digno dela (2 Reis 5: 15-27).   

A imposição de mãos como meio de abençoar fica mais evidente em Mateus 19: 13-15, quando Jesus abençoa algumas crianças impondo-lhes as mãos (veja também Marcos 10: 15,16).

E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, MOVIDO DE GRANDE COMPAIXÃO, “estendeu a mão, e tocou-o”, e disse-lhe: Quero, sê limpo. (Marcos 1: 40,41).

Aqui Jesus nos faz entender qual é o sentido a imposição de mãos para o milagre da cura: “identificar-se com o enfermo”; isto quer dizer, sentir as dores do doente, ter compaixão dele no íntimo da alma, a este sentimento dá-se o nome de “empatia”, isto é, sofrer com os que sofrem (Romanos 12: 14,15).

A CURA PELA IMPOSIÇÃO DE MÃOS.

Os Evangelhos estão recheados de milagres de cura onde Jesus impõe suas santas mãos sobre os doentes para libertá-los de seus males, seja tocando nos olhos dos cegos, seja tomando pela mão os enfermos, pondo ou impondo as suas mãos sobre eles para curá-los.

E, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava. (Lucas 4: 40).  

Também em Atos dos Apóstolos há relatos da imposição de mãos na cura de enfermos.

E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão. (Atos 5: 12).        
Detiveram-se, pois, muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios. (Atos 14: 3).                   
E aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que Paulo foi ver, e, havendo orado, pôs as mãos sobre ele, e o curou. (Atos 28: 8).

A IMPOSIÇÃO DE MÃOS PARA RECEBER O ESPÍRITO SANTO.

Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. (Atos 8: 14-17).

E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam. E estes eram, ao todo, uns doze homens. (Atos 19: 5-7).

A IMPOSIÇÃO DE MÃOS PARA A ORDENAÇÃO DE MINISTROS.

DIÁCONOS – E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. (Atos 6: 5,6).

APÓSTOLOS – E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. (Atos 13: 2,3).

PRESBÍTEROS OU BISPOS – Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. (Tito 1: 5,6).

Apesar de não estar explícito a imposição de mãos no texto acima (Tito 1: 5,6), alguns creem que tanto Tito como Timóteo eram bispos (superintendentes) e, portanto, tinham o encargo de estabelecer outros presbíteros ou bispos em outras igrejas por imposição de mãos. (Nota importante: Nem Tito nem Timóteo são chamados em parte alguma das Cartas Paulinas, de bispos, mas de cooperadores do apóstolo Paulo [Rm. 16:21 e 2 Cor 8:23]; ou seja, eles eram enviados na autoridade apostólica de Paulo às igrejas, quando este não podia ir pessoalmente).

Não desprezes o “dom” que há em ti, o qual te foi “dado por profecia”, com a IMPOSIÇÃO DAS MÃOS DO PRESBITÉRIO. (1 Timóteo 4:14).

A interpretação (exegese) de 1 Timóteo 4 não deixa muita margem para outro entendimento de que o “dom dado por profecia” a Timóteo era o seu ministério; diferente do “dom” de Deus que existia nele pela imposição das mãos do apóstolo Paulo descrito em 2 Timóteo 1: 6; o qual devia ser despertado por ele mesmo.  

O CUIDADO COM UM MINISTÉRIO SADIO. 

Eu o exorto solenemente, diante de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos, a que procure observar essas instruções sem parcialidade; e não faça nada por favoritismo. “Não se precipite em impor as mãos sobre ninguém” e não participe dos pecados dos outros. Conserve-se puro. (1 Timóteo 5: 21,22).

Em aos Hebreus cap. 6 o escritor chama a imposição de mãos, de “rudimentos da doutrina de Cristo”, quer dizer, um dos fundamentos da doutrina cristã, mas que infelizmente não é ensinado aos crentes de hoje. Sabemos, porém, que tudo o que não vem da fé é pecado (Romanos 14: 23), então impor as mãos sem fé, viver sem fé, pregar sem fé, orar sem fé, jejuar sem fé e ler a Bíblia sem fé é pura perda de tempo, pois quem faz estas coisas assim, peca. Lembremo-nos: “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11: 6).


L. M. S.