MANANCIAL

MANANCIAL
"Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada". (Cânticos 4:12)

quarta-feira, 23 de março de 2016

CURADOS E LIBERTOS, MAS NÃO SALVOS.

"Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso e não encontra, então diz: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Chegando, ENCONTRA A CASA DESOCUPADA, VARRIDA E EM ORDEM. Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E o ESTADO FINAL DAQUELE HOMEM TORNA-SE PIOR DO QUE O PRIMEIRO. Assim acontecerá a esta geração perversa". (Mateus 12: 43-45).

Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: EIS QUE JÁ ESTÁS SÃO; NÃO PEQUES MAIS, PARA QUE NÃO TE SUCEDA ALGUMA COISA PIOR. E aquele homem foi, e anunciou aos judeus que Jesus era o que o curara. (João 5: 14,15).


O paralítico do tanque de Betesda

Há uma grande confusão entre os evangélicos com relação à fé para ser curado e à fé para ser salvo. Explico; há pessoas que vêm a Cristo buscando o milagre para seu corpo físico e, nesse aspecto, entra em ação a fé que cura os enfermos, liberta os viciados e expele os demônios, e há outras pessoas que vêm até Jesus para receber a cura para sua alma, aí, então, opera a fé que salva o pecador do juízo divino. Nem todos os que foram curados ou libertos por Jesus Cristo tornaram-se seus seguidores; note-se que nos Evangelhos há menções de curas e libertações que nem foram especificadas pelos evangelistas, isto é, há menções, mas sem os detalhes de como elas ocorreram.

Pode alguém receber o milagre da cura em Nome de Jesus, e ainda assim permanecer perdido e sem Deus? Pode um homem ser liberto dos vícios, dos espíritos imundos e continuar condenado ao inferno? A resposta para ambas as perguntas é “sim”, pode sim.

Paulo disse que Jesus depois de ter ressuscitado apareceu aos seus discípulos e a mais de quinhentas pessoas (1 Cor. 15: 5,6); em Atos dos Apóstolos está escrito que haviam cerca de cento e vinte pessoas no cenáculo perseverando em oração esperando a promessa do Pai (Atos 1: 4-15); contudo, pergunto eu: “Onde estavam os milhares sem nome que receberam a bênção da cura? Para onde foram os muitos libertos da escravidão demoníaca?” Ninguém sabe.

A fé que salva o pecador vem pelo ouvir, em seu coração, o que o Espírito Santo fala pela Palavra de Deus (Romanos 10: 17). Curas e libertações não podem salvar quem as recebeu, pois se o tal agraciado não abrir seu coração para ouvir a voz do Espírito de Deus chamando-o das trevas para a luz, ele continuará um perdido. É por isso que os muitos curados e libertos por Cristo não estavam entre os quais o viram ressurreto.   

O Evangelho de Jesus Cristo é impactante, quem o ouve não fica indiferente, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê e juízo para a condenação daqueles que não creem. E gradativamente – de fé em fé – se descobre no Evangelho a justiça de Deus pela fé, porque o justo viverá da fé (Marc. 16: 15,16; Rom. 1: 16,17).  

Num estudo anterior que redigi (O Profeta Sem Honra), eu falei sobre a incredulidade dos patrícios de Jesus e que por causa disso, muitos homens e mulheres ficaram sem receber curas e libertações em Nazaré, mas expliquei que a incredulidade deles não pôde suplantar o poder de curar e de libertar de Cristo, pois os que buscaram a bênção de Jesus receberam-na de Suas mãos. A conclusão do estudo é que a fé que cura e liberta não vem exclusivamente do doente ou do possesso, mas também daquele ora por eles (Mateus 18:19 - "Se que dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está no céu"), e por isso, Jesus nunca despediu ninguém sem a Sua bênção. 

Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Dele creia que Ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. (Hebreus 11: 16).

Precisamos entender uma coisa, quem vem até Jesus para buscar um milagre já deu um passo de fé, mesmo que seja uma fagulha de fé, trêmula e imperfeita, pequenina e fraca, mas é fé. Deus não está preocupado se o enfermo veio buscá-Lo com uma “grande, perfeita e poderosa fé”, mas como diz o escritor da Epístola aos Hebreus, Ele quer que quando alguém se aproximar Dele, que o faça por fé crendo que Ele existe e que é galardoador daqueles que o buscam (Hebreus 11:6).

A FÉ QUE SALVA O PECADOR.

Perscrutemos agora um pouco mais sobre a fé salvadora segundo as Escrituras; aquela fé que justifica o pecador diante de Deus e o faz habitante das regiões celestiais em Cristo Jesus. A fé em Cristo que promove o novo nascimento da água e do Espírito pelo qual o renascido morre para o mundo e vive para a glória de Deus a fim de executar toda a Sua vontade.

Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, RENUNCIE-SE A SI MESMO, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; (Mateus 16: 24).

E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, NEGUE-SE A SI MESMO, e tome a sua cruz, E SIGA-ME. (Marcos 8: 34).

E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, E TOME CADA DIA A SUA CRUZ, e siga-me. (Lucas 9: 23).

Nos três Evangelhos está escrito a mesma coisa “quem quer seguir a Cristo deve renunciar a si mesmo”, isto é, seus gostos, prazeres, preferências, paixões, práticas, pensamentos, enfim, tudo que está relacionado com a vida pecaminosa que ele cultuava no passado, porque é assim que o indivíduo nasce de novo; como Paulo disse: “Quem está em Cristo nova criatura é, as coisas velhas passaram, eis que tudo se fez novo” (2 Cor. 5: 17).     

Há gente que pensa que pode continuar do mesmo jeito que vivia antes de conhecer a Cristo, mas na verdade não pode, pois Jesus é a mudança da direção – do inferno para o céu – Ele é a porta estreita e o caminho apertado – não se pode passar pela porta estreita com o fardo do pecado e nem andar pelo caminho apertado com ele – Nele estaremos crucificados para o mundo e o mundo crucificado para nós, ou seja, ao sermos batizados em Cristo Jesus comungaremos da Sua morte e ressurreição para que pela fé vivamos para Deus (Romanos 6: 1-7).

Sabendo isto, que o nosso HOMEM VELHO foi com Ele (Cristo) crucificado, para que o CORPO DO PECADO SEJA DESFEITO, para que NÃO SIRVAMOS MAIS AO PECADO. (Rom. 6: 6).    

Sabendo estas coisas e que a vida pregressa de pecados era para a morte, viver em novidade de vida representa abandono total àquilo que nos escravizava e nos fazia servos de Satanás na carne.

Coisas como vícios, prostituição, ódio, rancores, vinganças, maus pensamentos, palavras torpes, maledicências, pornografia, escárnio, escândalos, aparência do mal e indecências devem ser banidas e expurgadas dos renascidos em Cristo.

Há alguns dias atrás assisti a um vídeo de um ex-integrante de uma banda de rock testemunhando que Jesus Cristo o havia livrado do vício das drogas e, portanto, sua vida agora estava mudada. Uns dias mais tarde, eu vi, num outro vídeo, que o mesmo “roqueiro” voltou a integrar sua antiga banda de rock e que, depois de um de seus shows, ele testificava da libertação do vício alcançada em Cristo aos seus fãs e, orando por eles, disse que não estava falando de nenhuma religião e também não abdicou da sua vida, mas agora ele estava com Jesus. Sinto muito, mas não há fruto nisso, não para a salvação. A fé que salva exige renúncia; a fé que salva diz: negue-se a si mesmo e tome a cada dia a sua cruz; a fé salvadora é perda no mundo e ganho no céu; a fé para a salvação demanda despojar-se do velho homem fadado à corrupção e revestir-se de Cristo, o novo homem que se renova dia a dia em santificação, para a justiça de Deus.

Mas com quem Deus se indignou por quarenta anos? Não foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou Deus que não entrariam no Seu repouso, senão aos DESOBEDIENTES? Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no Seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a Palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto NÃO ESTAVA MISTURADA COM A FÉ naqueles que a ouviramE ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição VENDEU O SEU DIREITO de primogenitura. (Hebreus 3: 17,18; 4: 1,2; 12: 16).

L. M. S.    

domingo, 13 de março de 2016

O PROFETA SEM HONRA (Mat. 13: 54-58; Marcos 6: 2-6; Lucas 4: 16-30).




O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu a evangelizar os pobres; enviou-me a proclamar liberdade aos cativos, a restaurar a visão aos cegos, e pôr em liberdade os presos, e apregoar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4: 18).

Há certas pregações (mal feitas) que ao invés de edificar a fé, derruba-a.

No “Livro do Pregador” (Eclesiastes) diz assim: O pregador, além de sábio, ensinou ao povo o conhecimento; e atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios. Procurou o pregador achar palavras agradáveis e escrever com retidão palavras de verdade. As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor (Eclesiastes 12: 9-11).

Ensinar ao povo o conhecimento esquadrinhado de antemão, achar palavras certas e escrevê-las com retidão, tornar sentenças coligidas (reunidas, agrupadas, coletadas, organizadas) como pregos bem fixados é a tarefa e o dever básico de todos os que almejam pregar e ensinar a Palavra de Deus aos outros. Se for ministério, seja apto em ministrar; se é ensinar, que haja dedicação ao ensino (Romanos 12: 7).

Os textos dos versos de Mateus, Marcos e Lucas citados no título deste estudo, narram Jesus em Nazaré, cidade em que fora criado, onde viviam seus parentes, conhecidos e amigos de infância, ou seja, não era uma cidade de estranhos. Contudo Jesus não fez ali muitos milagres, e isto por causa da incredulidade dos que já o conheciam há muito tempo (Mat. 13: 58).

Marcos cap. 6, verso 5, afirma categoricamente que Jesus “não pôde fazer nenhum milagre”, senão curar uns poucos enfermos.

A INCREDULIDADE DOS NAZARENOS.

Não é este o filho do carpinteiro?! Não é este o carpinteiro, o filho de José?! Não se chama a sua mãe Maria?! Não é ele irmão de Tiago, José, Judas e Simeão?! Não vivem as suas irmãs entre nós?! E escandalizavam-se Nele. (Mat. 13: 55-57; Marcos 6: 3; Lucas 4: 22).

Os habitantes de Nazaré escandalizavam-se e não criam no que tinham ouvido falar de Jesus e de seus milagres realizados em Cafarnaum (Lucas 4: 23). Mas mesmo em meio à incredulidade deles, Cristo ainda curou alguns enfermos dali (Mat. 13: 58; Marcos 6: 5). Mas... Quais foram os enfermos agraciados com a bênção da cura? Somente os nazarenos que a buscaram em Jesus. Os habitantes de Nazaré que foram a Cristo e lançaram suas misérias aos Seus pés alcançaram a libertação.

Já ouvi de alguns que ministraram a Palavra concernente a este assunto (Marcos 6: 5), concluírem que num ambiente de incredulidade, Jesus Cristo não consegue operar milagres porque todos os enfermos que Jesus curou estavam num local favorável à fé. Então, se alguém vem até Cristo para ser liberto e nada acontece, tal fracasso sucederá por causa da falta de fé do enfermo e do ambiente em que ele se encontra. Mas o texto não diz isso; Marcos disse que Jesus não pôde fazer nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos impondo-lhes as mãos. Isto quer dizer que, embora Ele estivesse no meio de gente incrédula, os que O buscaram, O acharam.

“Um dia, quando Ele estava ensinando, achavam-se ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com Ele para curar”. (Lucas 5: 17).

Cristo tem o poder de curar em qualquer lugar e em qualquer situação, porque a virtude (disposição para o bem) de Deus é com Ele, isto é, Deus o ungiu para isso mesmo: curar os enfermos, libertar os cativos, dar visão aos cegos, evangelizar os mansos, restaurar os contritos de coração, consolar os tristes e apregoar o ano aceitável do Senhor, a justiça e o juízo de Deus (Isaías 61: 1,2).   

A FÉ QUE CURA.

A doutrina errônea difundida nas Igrejas é que quem tem que ter fé para ser curado da enfermidade é somente o doente e não quem ora por ele, mas não é isso que a Bíblia ensina. Vejamos o que diz Tiago, o irmão do Senhor:
Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e A ORAÇÃO DA FÉ SALVARÁ O DOENTE, E O SENHOR O LEVANTARÁ; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e ORAI UNS PELOS OUTROS, PARA SERDES CURADOS. A súplica de um justo pode muito na sua atuação” (Tiago 5: 14-16).

Como vimos acima, não é só o doente quem deve ter fé, mas quem ora por ele também (Mateus 18:19 - "Se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus"). Como podemos esperar que alguém enfraquecido pela enfermidade seja o único a ter forças para crer e ser curado? Assim Deus também não espera isso, mas espera que suportemos uns aos outros em amor (Efésios 4: 2); quando se diz “suportar”, não está dizendo “aturar”, mas dar suporte, dar apoio, sustentar os que estão abatidos seja na carne ou no espírito.

Jesus certa vez chegou ao tanque de Betesda e viu que ali jazia grande multidão de enfermos esperando o movimento das águas daquele tanque (João 5). Era um lugar místico, pois fora construído pelos pagãos – talvez romanos – em honra a Serápis, uma divindade helenístico-egípcia associada à cura. Lá estava um homem judeu (verso 10), que há trinta e oito anos buscava a cura para a sua paralisia no lugar errado.

Cristo não perguntou se ele tinha fé (a genuína fé, a fé no único Deus, a fé no Deus de Israel), nem perguntou a ele se ele cria Nele, pois o paralítico nem sabia quem era Jesus. Cristo perguntou somente isto: “Queres ficar são”? (João 5: 6). Porém aquele homem continuava com sua atenção voltada para as crendices locais de que um anjo descia, agitava as águas do tanque e o primeiro que ali mergulhasse ficava são (versos 4 e 7). Mas o Senhor não quis nem saber o que ele pensava ou cria, pois foi logo lhe dizendo; “Levanta, toma o teu leito e anda”; e imediatamente ele foi curado (verso 8 e 9). A Palavra de Jesus tem poder, primeiro para despertar a fé naquele que a ouve (Romanos 10:17), e segundo para libertar os cativos (Isaías 61:1).  

Jesus operou muitos outros milagres em ambientes de incredulidade, não importava se os espectadores tinham ou não fé Nele, o que valia era o Seu poder para curar, libertar e para restaurar a fé, porque Ele tinha fé em Deus. Certa vez Ele disse: “Pai, bem sei que me ouves, mas disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que Tu me enviaste” (João 11: 42). Ali, em Betânia, na casa de Lázaro, cujo corpo jazia morto há quatro dias, aquelas pessoas incrédulas viram a glória de Deus (versos 39 e 40). Disse Jesus: “Lázaro vem para fora” (versos 39-43).

E ESTES SINAIS SEGUIRÃO AOS QUE CREREM: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; E PORÃO AS MÃOS SOBRE OS ENFERMOS, E OS CURARÃO. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, COOPERANDO COM ELES O SENHOR, e CONFIRMANDO A PALAVRA COM OS SINAIS QUE SE SEGUIRAM. Amém. (Marcos 16: 17-20).   

Os sinais acompanham somente os que creem em Jesus. Se você crê em Cristo Jesus, os enfermos serão curados no Seu Santo Nome. Pois se você crer, você verá a glória de Deus. 
Amém!

L. M. S.

quinta-feira, 10 de março de 2016

O ALTAR DO SENHOR.

Êxodo 20: 2-7
Eu Sou o Senhor teu Deus, que TE TIREI da terra do Egito, da casa da servidão. NÃO TERÁS OUTROS DEUSES diante de Mim. NÃO FARÁS PARA TI imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração DAQUELES QUE ME ODEIAM. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que GUARDAM os meus mandamentos. NÃO TOMARÁS O NOME DO SENHOR TEU DEUS EM VÃO; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

Deus é um Deus zeloso, isto é, Ele tem ciúme dos homens e mulheres que Lhe pertencem e que um dia participarão da Sua glória, então Ele não dividirá os Seus remidos com ninguém. Glórias a Deus!

O Decálogo inicia-se com o lembrete: “Eu Sou o Senhor teu Deus”; podem os povos do mundo ter outros deuses, mas aos que Ele escolheu não, os Seus escolhidos não viverão no engano e na mentira dos falsos deuses, pois os que Ele dantes conheceu os predestinou para serem conforme a imagem do Seu Filho, e aos que predestinou, a estes também chamou, e aos que chamou, a estes também justificou, e aos que justificou, a estes também glorificou. Se Deus é por Seus filhos, quem será contra eles? (Rom. 8: 29-31).  

Não devia ser necessário, mas é. Deus sempre tem que nos lembrar “quem” nos tirou da “terra do Egito” e do “jugo de servidão”, pois somos propensos a esquecer do lugar de onde viemos e quem nos tirou de lá. Portanto Ele deve constantemente nos lembrar: “Fui Eu quem os tirou da escravidão das trevas e os trouxe para a minha gloriosa luz”. Nós não saímos do mundo por vontade própria e nem o deixamos pelos nossos próprios esforços, mas foi Deus quem o fez e isso é maravilhoso aos nossos olhos (Salmos 118: 19-29).

Não terás outros deuses! Eis a ordem, cumpra-se, o Onipotente ordena. 

Mas, quem são os deuses? Os deuses são todas as coisas que nos desviam da verdadeira adoração, são todas as coisas que desvirtuam a fé cristã e se opõem à confiança depositada unicamente em Deus. No Egito há muitos deuses e em Canaã há muitos inimigos, entre eles há um deserto onde o “Egito” deverá ser expurgado do coração. É também no deserto que o adorador aprenderá a depender somente de Deus.

“E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, PARA SABER O QUE ESTAVA NO TEU CORAÇÃO, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te SUSTENTOU COM O MANÁ, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, MAS DE TUDO O QUE SAI DA BOCA DO SENHOR viverá o homem”. (Deuteronômio 8: 2,3).


UM ALTAR DE PEDRAS.

“E se me fizeres um altar de pedras, NÃO O FARÁS DE PEDRAS LAVRADAS; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás” (Êxodo 20: 25).


Quem “sobe” a Deus é o holocausto*, não o altar, a excelência não é do altar, mas do que foi oferecido sobre ele, Cristo, o cordeiro sem mácula.

*Holocausto – “o que sobe”. Palavra derivada de uma raiz que significa “ascender” (subir), e aplicava-se à oferta que era inteiramente consumida pelo fogo e no seu fumo “subia” até Deus.

“E ali edificarás um altar ao Senhor teu Deus, um altar de pedras; NÃO ALÇARÁS INSTRUMENTO DE FERRO SOBRE ELAS. De PEDRAS BRUTAS EDIFICARÁS O ALTAR do Senhor teu Deus; e sobre ele oferecerás holocaustos ao Senhor teu Deus” (Deut. 27: 5,6).

Às vezes lemos certos trechos das Escrituras e passamos por cima de detalhes que nos parece, à primeira vista, sem importância, mas toda a Escritura é divinamente inspirada e apta para ensinar, redarguir, corrigir e instruir em justiça (2 Tim. 3: 16).

Êxodo 20: 25 e Deuteronômio 27: 5,6 tratam da peculiaridade da adoração ao Senhor Deus, pois o altar era o meio pelo qual o adorador prestava seu culto, e era através dele que a criatura oferecia dádivas ao Criador. Mas então porque o Senhor ordenou que o fizesse de pedras brutas? Por que a ordenança de não usar pedras lavradas (talhadas, esculpidas)? Por que o talhar do buril pelas mãos humanas profaná-lo-ia? Eu creio que a melhor resposta a estas perguntas encontra-se em João 4: 23,24, Deus é Espírito e requer que Seus adoradores também o adorem no Espírito. Não se pode “forjar” uma adoração no Espírito, não se pode “talhar” um verdadeiro adorador, a adoração no Espírito não se “aprende” de homens, um adorador espiritual não se “constrói” com esforço humano, pois é somente Deus, o autor e consumador da fé quem o faz.

A Bíblia, em algumas passagens, quando menciona o “ferro”, ela está indicando algo “forçado”, preso ou conduzido com “dureza”, como quando diz do “reger com vara de ferro”, de pôr um “jugo de ferro”, da “força do ferro”, de portas com “ferrolhos de ferro”, dos “grilhões de ferro”; portanto, “alçar instrumento de ferro sobre as pedras do altar” tem haver com isso mesmo, ou seja, fala de uma adoração não voluntária, mas trabalhada e alcançada com muito esforço, e também de disciplina carnal, de um culto forjado.

Ouvi certo pregador gabar-se de que em “sua Igreja”, todos os ministros (pastores) passam sete anos estudando no seminário antes de assumir um púlpito... A mim parece que o tal não entendeu a mensagem singela do Evangelho que diz: “EU VOS FAREI PESCADORES DE HOMENS” (Mateus 4: 19).

Não há técnica, homilética*, sermões preparados, estudo sistemático ou qualquer outra invenção humana que tenha o poder para alcançar um perdido, pois a salvação não é uma obra do homem, mas de Deus.

*Homilética – a arte de preparar e pregar sermões religiosos; eloquência.

É Deus quem quebranta ou endurece os corações, é Ele que tem poder sobre os vasos da honra e sobre os vasos da desonra, é Ele quem abre o coração e o entendimento dos tementes para escutar a Sua voz e fecha o ouvido dos maus para que não entendam, é Ele quem salva o pecador e lança o ímpio no inferno (Rom. 9: 15-24; Mat. 10: 28).  

Há uma censura de Paulo aos crentes da Galácia, que na tradução da King James diz assim: Ó GÁLATAS INSENSATOS! Quem vos enfeitiçou? Ora, não foi diante dos vossos olhos que JESUS CRISTO FOI EXPOSTO COMO CRUCIFICADO? Quero tão-somente que me respondais: foi por intermédio da prática da lei que recebestes o Espírito Santo, ou PELA FÉ NAQUILO QUE OUVISTES? Estais tão enlouquecidos assim, a ponto de, tendo COMEÇADO PELO ESPÍRITO DE DEUS, estar desejando agora VOS APERFEIÇOAR POR MEIO DO MERO ESFORÇO HUMANO? (Gálatas 3: 1-3).

Oh, insensatos! Há perfeição pelo mero esforço da carne? A carne, porventura, se sujeita à Lei de Deus? Não é ela quem conspira contra o Espírito? Não são os que estão na carne que não podem agradar a Deus? Loucos! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade?... (Veja João 3: 6; Rom. 8: 7,8,12,13; 2 Cor. 10: 3; Gál. 5: 17 e 6: 8).

“Mas temo que, assim como a SERPENTE ENGANOU EVA com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte CORROMPIDOS os vossos sentidos, e SE APARTEM DA SIMPLICIDADE que há em Cristo” (2 Coríntios 11: 3).

Jesus disse que o “maior” no Reino do Céu é quem se fizer o “menor” dentre os seus irmãos, um serviçal, igual a um menino que considera aos outros superiores a si mesmo. 

Um grão de areia é que o somos, mas parece que não sabemos disso, um conto ligeiro é a vida, mas não atentamos para isso, uma erva que de manhã cresce e floresce, à tarde seca-se, murcha-se e a sua flor cai ao chão, assim é a toda glória do homem, mas ainda não consideramos a verdade contida nisto; a soberba nos impede.


O ALTAR DE EDE, UM ALTAR DE GRANDE APARÊNCIA, MAS INÚTIL (Josué 22: 10,26-28,34).


Em Josué capítulo 22, os rubenitas, os gaaditas e meia tribo de Manassés que se estabeleceram aquém do Jordão, com medo de serem excluídos do culto ao Senhor Deus, eles construíram em suas terras um altar de “grande aparência”, para servir de testemunho entre eles e os filhos de Israel. Nele não se ofereceriam oblações, pois se tratava apenas de um monumento erigido em memorial. Por isso eles o chamaram de Ede, o “altar do testemunho”. Era um altar de grande aparência, vistoso e bonito, mas inútil serviço de culto.

ENOQUE, UM ALTAR ÚTIL.

E “andou” Enoque “com Deus” e já “não era”, porque Deus o “tomou” para si (Gênesis 5: 22).

Quando um homem “anda” com Deus ele deixa de “ser alguém”, porque Deus o “toma” para si. Suas paixões, sonhos e aspirações ficam absortos na vontade do Senhor, e ele já não vive mais, mas Deus vive nele e tudo o que vier doravante, seja bom ou ruim não importa, o que vale é ser uma nova criatura. Assim também Enoque foi absorvido pela presença de Deus e por isso o escritor de Gênesis disse que ele “já não era”, isto é, Enoque deixou de ser alguém importante para si mesmo, ele deixou de ter a primazia em sua vida, pois andando dia a dia com o Senhor, Deus passou a ser o primeiro e o mais importante para ele.

E, chegando-vos para Ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (1 Pedro 2:4,5).

Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas DEUS ESCOLHEU AS COISAS LOUCAS DESTE MUNDO PARA CONFUNDIR AS SÁBIAS; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; PARA QUE NENHUMA CARNE SE GLORIE PERANTE ELE. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: aquele que se gloria GLORIE-SE NO SENHOR. (1 Cor. 1:26-31).

Pedro, um pescador “bruto”, indouto (que não aprendeu as “letras”), mas cheio do Espírito Santo, em sua primeira pregação pública quase três mil almas renderam-se aos pés do Senhor Jesus Cristo. Pode “achar” o que você quiser, mas não há escola que capacite um homem para isso, não há uma técnica que treine alguém e faça-o ser um instrumento eficaz do Evangelho; as pedras talhadas não se encaixam no Altar do Senhor, pois o “buril” o profanará.

Bendito é o Senhor Deus, Rocha minha e libertador meu. É Ele quem adestra as minhas mãos para a peleja e os meus dedos para a guerra. É Ele quem me fortalece, de sorte que os meus braços vergam um arco de bronze (Salmos 18: 2,34).

O Senhor guardará os passos dos seus servos em todos os seus caminhos para que não “tropecem em pedra”. Benditos são aqueles que põem a sua confiança no Deus de Israel, pois ao olharem para o Senhor eles serão iluminados e seus rostos jamais ficarão confundidos (Salmos 34: 5 e 91: 12; Jeremias 17: 7).

Abel era apenas um “vapor”; Noé, o “descanso” profetizado, era somente um agricultor; Abrão, ainda sem filhos, recebeu a promessa de ser Abraão, o “pai de multidões” e Sarai, sua mulher, foi chamada Sara, “a princesa”, contudo antes de ter o "riso" (Isaque) das mães por causa dos seus filhos em seus colos; Jacó não era o primogênito, mas herdou as promessas por amor delas; José foi rejeitado pelos seus irmãos, escravizado em terra estranha, condenado e preso injustamente antes de ser exaltado no Egito; Moisés ficou velho e gago antes que Deus o enviasse como seu mensageiro a faraó; Gideão e seus trezentos homens eram apenas simples aldeões, e não soldados guerreiros; Davi não passava de um menino quando matou o gigante; de Elias só sabemos que ele era um tisbita, mas Deus fez dele um profeta de fogo em Israel...     

Deus sempre constrói Seu Altar com pedras brutas, isso mesmo, com aquelas pedras que os “edificadores” deste mundo rejeitam para que os “sábios” da Terra fiquem confusos e os seus conselhos sejam dissipados. Somos como vasos de barro nos quais se guardam tesouros preciosos, a excelência não é do vaso, mas do tesouro que nele foi depositado (2 Coríntios 4:7).  

L. M. S.